FUTEBOL FENOMENO SOCIAL: fevereiro 2011

Ronaldo e a rede: relação íntima

O que foi a carreira do jogador Ronaldo, nós conhecemos. O que fez pelo futebol é inquestionável e poucos tiveram na história do esporte, sua projeção e alcance. Depois de Pelé, Ronaldo é o nome mais popular do futebol brasileiro, sem sombra de dúvidas. Mas aqui, quero pontuar algumas lembranças e constatações da sua carreira e deste encerramento.

Duas das mais emocionantes lembranças que me foram proporcionadas na vida, pelo futebol fora de campo, envolvem o Ronaldo. Na primeira, em um país da África (que não me recordo o nome, agora) com situação de extrema pobreza e miséria, uma criança encontra nas roupas de doação que chegaram de outro país, uma camisa da seleção brasileira com o nome "Ronaldo - 9". Vestiu a camisa no corpo e seus olhos brilham, como se tivesse adquirido poderes sobre-humanos. Levanta e sai saltitando.

Na segunda, a Seleção Brasileira, liderada por ele, visitou o Haiti em jogo amistoso, para propor a paz e a união. As imagens em que os haitianos perseguem os carros com os jogadores é alguma coisa absolutamente inexplicável e emocionante. Em ambos os casos, a miséria sucumbiu ao encanto do esporte, abriu perspectivas, provocou encantos.

Mais do que o ofício de atacante, cujo papel cumpriu de forma absolutamente eficiente e com muito sucesso, Ronaldo fez dos seus momentos mais difíceis, a segunda face da sua moeda.

Na volta ao Brasil, após outro longo processo de recuperação de contusão, com a conquista de dois títulos pelo Corinthians em menos de um ano, já havia feito o suficiente para selar sua história, dentro das quatro linhas. No entanto, as pressões por um título inédito e projeção internacional para o clube, somaram-se levando-o a intensificar sua presença e participação em jogos, o que contrastava com seu problema de saúde (hipertireoidismo - que lhe impedia de emagrecer), e problemas físicos decorrentes de contusões antigas. A precoce desclassificação do Corinthians na Libertadores da América, em 2011, trouxe a tona a realidade e precipitou o que estava programado para 2012: o enceramento definitivo da carreira. Não conseguiu levar a cabo o projeto que estabeleceu com clube de liderar a conquista o principal título do futebol Sul-americano, mas provou sua responsabilidade e coragem, por não ter medo de tomar a frente das críticas e ataques da imprensa e torcedores.

Ronaldo deixa os campos e deixa saudade do que produziu com a bola nos pés. Deu alegrias para os torcedores de todo o mundo, que não se cansam de ver e rever seus lances e vibrar. Agora, manterá seus negócios ligados ao futebol e investirá em educação no projeto que batizou de Criando Fenômenos. Aguardemos então, seus lances fora de campo.